Novas estações para a moda

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3 min readApr 16, 2021

Inovação no mundo fashion lança tendências no setor e no mercado de capitais

Por Juliane Duarte e Victor Netto

Movimentos no mundo fashion, combinam tecnologia, logística e sustentabilidade para criar uma nova tendência.

A Enjoei, plataforma de e-commerce de second hand, movimentou mais de R$ 1,1 bilhão no IPO realizado no último bimestre de 2020 e chegou ao mercado ao valor de R$ 2 bilhões, longe de ser uma pechincha. As vendas e o número de clientes ganharam volume na estação e foram duplicadas no primeiro tri do ano.

A previsão para o mercado de roupas de segunda mão é de um crescimento 25 vezes mais rápido do que o varejo de moda. Neste ritmo, o setor de brechós deve se tornar o dobro do mercado fast fashion até 2029.

Players como C&A e Renner têm firmado parcerias para coleta de peças que deverão ser encaminhadas para venda no brechó, pela operação da Repassa, startup que ganhou projeção no segmento ao receber o aporte de R$7,5 milhões pela Redpoint Ventures, com a participação da Bossa Nova Investimentos.

O novo jeito de consumir moda e investir mira novas parcerias: A Farm — destaque do Grupo Soma — aposta na troca de suas peças por créditos no Enjoei, enquanto a C&A faz uma lojinha online na plataforma. Para contemplar o consumidor da cabeça aos pés, a Arezzo se lançou no mercado second hand ao comprar 75% de participação na startup de tecnologia voltada para venda de peças usadas, a TROC.

Bandeiras como a do movimento slow fashion e da sustentabilidade fizeram despertar o potencial dos brechós entre as novas gerações. Além de fatores como a economia, o valor agregado pela curadoria e a volta das tendências retrô, outro atrativo para este modelo de negócio é o acesso ao mercado de luxo, que demonstra uma quebra de paradigma no setor. A tradicional Nordstrom passou a vender, em suas lojas e site, roupas de luxo em segunda mão. A loja See You Tomorrow também aderiu ao movimento e agora conta com marcas como Burberry, Thom Browne, Isabel Marant, Off-White e Adidas no catálogo.

Longe de chegar ao fim, a passarela da moda se ramifica em muitas tendências. A economia compartilhada é a bandeira da Roupateca que trouxe o conceito das roupas de aluguel, comum na moda-festa, para o dia-a-dia. Por meio de assinatura mensal, as consumidoras têm blazers, calça jeans e vestidos para chamar de nosso.

Um dos mais recentes chamarizes do mercado de capitais, voltar os olhos para a cultura do compartilhamento e do reuso está no topo de ambições quando se fala em princípios ESG. Isso porque, segundo a Environmental Protection Agency, a indústria têxtil ocupa uma das quatro posições dentre as indústrias que mais poluem, além de ser a segunda maior consumidora de água é responsável por 8 a 10% das emissões globais de carbono.

Photo by Ryan Hoffman on Unsplash

Apresentar novos modelos de negócio e propostas de valor diferentes e variadas será um elemento crucial de competitividade no setor. Se a pandemia tornou o mercado cada vez mais dependente das plataformas digitais, “virtualizar’’ lojas físicas não parece ser o bastante. No entanto, os esforços solitários no redesenho de soluções não devem trazer viabilidade e impactos no longo prazo. Cooperar no backstage será chave para o update dos brechós e para a implementação de novos modelos de negócios viáveis e escaláveis: só assim moda e sustentabilidade serão, de fato, uma combinação possível.

Juliane Duarte é consultora de estratégias ESG e comunicação com enfoque em ciência e sustentabilidade. É mestre em comunicação, professora convidada da ECA-USP e faz parte da rede de consultores do grupo report.

Victor Netto é co-fundador e diretor-executivo da rpt.estratégia, consultoria de planejamento, parte do grupo report. Já liderou centenas de projetos em estratégia, inovação, sustentabilidade, ESG e comunicação empresarial.

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